
França diz na ONU que não hesitará a retomar sanções contra Irã por programa nuclear

França, Alemanha e Reino Unido não hesitarão "nem um só segundo" a restabelecer sanções contra Teerã se a segurança europeia estiver ameaçada pelo programa nuclear iraniano, advertiu nesta segunda-feira (28), na ONU, o ministro das Relações Exteriores da França.
"O Irã superou todos os limites que havia se comprometido a respeitar" e "está próximo de adquirir armas nucleares", denunciou Jean-Noël Barrot ao término de uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança sobre a não proliferação, convocada pela França.
"Não existe uma solução militar para a questão nuclear iraniana. Existe um caminho diplomático para isso, mas é um caminho íngreme", acrescentou, e expressou sua esperança no sucesso das conversas em curso entre Irã e Estados Unidos sobre o tema.
Barrot assinalou que França, Alemanha e Reino Unido estão em "estreito contacto" com o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
"Mas está claro que, quando expirar o acordo nuclear iraniano [...], se os interesses de segurança europeus não estiverem garantidos, não hesitaremos nem um segundo em voltar a aplicar todas as sanções que foram suspensas há 10 anos", advertiu.
Isso teria "efeitos devastadores sobre a economia do país", frisou.
Em 2015, o Irã firmou um acordo em Viena, na Áustria, com França, Alemanha, Reino Unido, China, Rússia e Estados Unidos para regular seu programa nuclear. O texto previa o levantamento das sanções internacionais contra a República Islâmica em troca da supervisão de seu programa nuclear por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em 2018, durante o seu primeiro mandato, o atual presidente americano Donald Trump retirou unilateralmente o seu país do acordo e reestabeleceu severas sanções contra o país asiático.
Em represália, o Irã aumentou significativamente suas reservas de materiais radioativos enriquecidos e elevou o limite para 60%, inferior ao 90% necessário para fabricar armas atômicas, mas muito longe do limite do 3,67% estabelecido pelo acordo de Viena.
A resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU que respaldava o acordo de 2015 prevê a possibilidade de retomada das sanções (um mecanismo chamado "snapback"), mas esse texto expira em outubro de 2025.
N. Gonçalves--JDB